Início dos anos 80. Domingo à tarde. A praça da matriz de
São Silvano estava repleta de crianças que brincavam alegremente. Elas corriam
de uma ponta a outra da praça, sem se importarem se iam cair ou se machucar,
apenas brincavam de correr.
Catarina assim como as outras crianças corria, tanto que seus cabelos
negros, longos e anelados mais pareciam ter vida própria. Apesar de seus nove
anos ela tinha uma personalidade como poucos. Naquela tenra idade já conhecia
sobre filmes, histórias, novelas, e claro, livros, muitos livros. O sonho da
menina era fazer balé, era conhecer a Europa e saber tudo sobre estrelas.
Ah, as estrelas, como eram fascinantes
para Catarina, e quando havia eclipse, chuva de meteoros ou qualquer um destes
eventos extraordinários no céu, ela se agitava e queria ficar acordada
até mais tarde mais uma vez. Sempre tentava convencer suas primas a ficar no
terraço até mais tarde um pouco. Entretanto, quando conseguia ou ficava muito
tarde ou uma nuvem enorme chegava e fechava o tempo, com isso a paixão só
aumentava. Restava então ficar, quando ia para a roça na casa de seus avós,
ficar deitada no terreiro, principalmente em noite de Lua cheia.
Henrique vinha na
direção contrária, corria como se lhe fosse criar asas e alçar vôo. A boca
chegava a ficar aberta para sentir a brisa e os olhos cerrados para aumentar a
sensação de liberdade. Cada passo parecia-lhe ser dado em câmera lenta.Henrique
era absolutamente sinestésico.Gostava de
sentir, cheirar, olhar, pegar na mão e ouvir detalhadamente as coisas,
mesmo que estas não produzissem nenhum som audível.Sua sensibilidade
permitia-lhe sentir uma mesma coisa com vários sentidos ao mesmo tempo, toda
esta sinestesia algumas vezes ultrapassa até o que era material.
O sonho de
Henrique limitava-se a ser advogado como o pai, nada mais era preciso. Desde
pequeno buscava ser justo e detestava implicâncias e “maldades” infantis na
sala de aula, embora algumas vezes ria das piadas implicantes, mesmo porque ele
também era uma criança.
Enquanto corriam; Catarina preocupada com os cabelos que lhe
tapavam os olhos e Henrique despreocupado por sentir a brisa, os dois
desconhecidos se trombam.A choque entre os dois foi tão forte quanto
inesperada, de forma que um agarrou-se ao outro e acabaram rolando por um pequeno montinho de terra coberto de grama
até a outra fase do praça.
- Ai, ai – reclamava Catarina
- Poxa vida, esta doeu mesmo - exclamou Henrique – Não olha
por onde você corre?
- Meus cabelos estavam na frente dos meus olhos. E você não
olha não? – retrucou ela meio nervosa.
Henrique olhou para baixo, respirou fundo e singelamente
desculpou-se:
- A culpa foi minha...
HOJE PASSO PARE TE DESEJAR UM fELIZ nATAL E UM 2013 EM grande!
ResponderExcluirbEIJO
gRAÇA