Início dos anos
80. Domingo à tarde. A praça da matriz de São Silvano estava repleta de
crianças que brincavam alegremente. Elas corriam de uma ponta a outra da praça,
sem se importarem se iam cair ou se machucar, apenas brincavam de correr.

Henrique vinha na
direção contrária, corria como se lhe fosse criar asas e alçar vôo. A boca
chegava a ficar aberta para sentir a brisa e os olhos cerrados para aumentar a
sensação de liberdade. Cada passo parecia-lhe ser dado em câmera lenta.Henrique
era absolutamente sinestésico.Gostava de sentir, cheirar, olhar, pegar na mão e ouvir
detalhadamente as coisas, mesmo que estas não produzissem nenhum som audível.Sua
sensibilidade permitia-lhe sentir uma mesma coisa com vários sentidos ao mesmo
tempo, toda esta sinestesia algumas vezes ultrapassa até o que era material.
O sonho de Henrique
limitava-se a ser advogado como o pai, nada mais era preciso. Desde pequeno
buscava ser justo e detestava implicâncias e “maldades” infantis na sala de aula,
embora algumas vezes ria das piadas implicantes, mesmo porque ele também era
uma criança.
Enquanto corriam; Catarina preocupada com os cabelos que lhe
tapavam os olhos e Henrique despreocupado por sentir a brisa, os dois
desconhecidos se trombam.A choque entre os dois foi tão forte quanto
inesperada, de forma que um agarrou-se ao outro e acabaram rolando por um pequeno montinho de terra coberto de grama
até a outra fase do praça.
CONTINUA...
By Débora Lyrio
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